terça-feira, 12 de julho de 2011

Redes sociais favorecem reação dos jovens

http://unbnasbpc.wordpress.com/2011/07/12/redes-sociais-favorecem-reacao-dos-jovens/

Quando as redes sociais na internet começaram a surgir, análises apressadas logo decretaram o fim das relações presenciais. Mobilizações como a que derrubou o ex-presidente Fernando Collor estariam fadadas à extinção, porque os jovens passariam o dia diante de seus computadores. “O que vemos é exatamente o inverso”, afirmou Christiana Soares de Freitas, professora adjunta do Departamento de Administração da Universidade de Brasília, em palestra no 63º Congresso da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Segundo ela, as redes sociais têm possibilitado um exercício maior da democracia deliberativa em um país de democracia representativa. “A internet potencializa o ativismo não institucional”, comentou Christiana, que é também pesquisadora-colaboradora do Departamento de Sociologia. Ela e outros dois integrantes da mesa na SBPC, Bernardo Esteves Gonçalves da Costa, do Instituto Ciência Hoje, e Marcus Abílio Gomes Pereira, da Universidade Federal de Minas Gerais, defenderam a liberdade na internet e criticaram projetos como o PL 84/99, em trâmite no Congresso Nacional. A proposta, chamada pelos internautas de AI-5 Digital, trata de crimes cibernéticos e, durante discussão pelos parlamentares, incluiu o controle de informações acessadas pelos usuários.

O uso das redes sociais nas manifestações que derrubaram governos no Oriente Médio foi o caso mais analisado pelos professores durante o debate. “É claro que a rede não foi o único fator que desencadeou a onda de protestos no Oriente Médio. A imprensa ocidental comprou essa ideia. Houve outras razões, muito mais determinantes, mas é fato que a rede possibilitou a disseminação do movimento”, analisou Marcus Abílio. “As redes sociais estão possibilitando a organização de minorias e aprimorando a democracia”.

Christiana citou como exemplo do poder das redes sociais a ocupação do prédio da Reitoria da UnB há cerca de um mês, por alunos da UnB Ceilândia. “Em meia hora, os estudantes se mobilizaram pela rede e tomaram conta do prédio em um ato totalmente inesperado”, lembrou. Bernardo Esteves destacou também o caso do Churrasco da Gente Diferenciada, que surgiu em protesto contra mudanças em projeto de ampliação das estações de metrô. Em 24 horas, pelo menos 47 mil pessoas confirmaram participação no ato que reuniu cerca de mil pessoas no último mês de maio em Higienópolis. “A internet favorece os espaços de participação pública”, comentou o professor Marcus Abílio Gomes Pereira, da Universidade Federal de Minas Gerais.

O professor destacou, no entanto, que a democracia na rede também tem suas limitações.”É um instrumento democrático, mas quem vai ser escutado? Quem realmente consegue atingir o grande público?”,indagou. Na opinião de Marcus Abílio, a rede está criando uma elite de blogs e sites. “Mas não há como negar que o campo midiático sofreu uma alteração de poder”, disse.

por Ana Lúcia Moura

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