quarta-feira, 27 de março de 2013

Peça Teatral escrita por Renato Russo pode ser encenada



Correio teve acesso às duas páginas que faltavam da peça de Renato Russo

Pela primeira vez, em três décadas, o texto de "A verdadeira desorganização do desespero" está completo e pode ser encenado
Publicação: 27/03/2013 06:00 
O músico Renato Russo faria 53 anos nesta quarta-feira (27/3) (Arquivo Pessoal)
O músico Renato Russo faria 53 anos nesta quarta-feira (27/3)
Até o mês passado, poucos sabiam que Renato Russo tinha se aventurado pela dramaturgia. A peça A verdadeira desorganização do desespero, escrita pelo artista em setembro de 1982, nunca foi montada. Sequer comentada. Ficou restrita aos mais próximos. Ao longo dos anos, esvaiu-se da memória e foi considerada item perdido entre os objetos da herança. O Correio resgatou o mistério e encontrou um antigo companheiro de Renato, a quem teria sido entregue a única cópia do texto. Assim, mais de trinta anos depois, o público pôde conhecer uma faceta praticamente inédita do cantor (por meio da reportagem publicada em 19 de fevereiro).

Trecho da peça 'A verdadeira desorganização do desespero' escrita em 1982 (Arquivo Pessoal)
Trecho da peça "A verdadeira desorganização do desespero" escrita em 1982
Um detalhe, porém, permaneceu incógnito: duas páginas da peça estavam desaparecidas. O material incompleto impedia uma montagem fidedigna. O paradeiro daquelas páginas segue inconcluso. Contudo, uma aparição inesperada parece resolver a questão. Uma segunda cópia foi encontrada nos Estados Unidos. A peça está, finalmente, completa (trechos da dramartugia do roqueiro foram citados no livro Renato Russo: O filho da revolução, do jornalista Carlos Marcelo).

Trecho da peça 'A verdadeira desorganização do desespero' escrita em 1982 (Arquivo Pessoal)
Trecho da peça "A verdadeira desorganização do desespero" escrita em 1982
O desfecho coube a Ana Cristina Ferreira. Renato e Cris (“Ele era o único a me chamar assim”) se conheceram em 1977. Ele ainda era Manfredini. Estudaram juntos no Marista. Tornaram-se melhores amigos. Cinco anos depois, quando ele a presenteou com uma cópia integral de A verdadeira desorganização do desespero, a assinatura dizia: Renato Russo (uma das primeiras vezes que fez uso do nome artístico). No mês seguinte, Ana Cristina embarcou para solo americano, onde reside desde então. Nunca imaginou, 30 anos depois, ter que revirar o porão e reencontrar o presente do amigo. Quase sem querer, encerrou as dúvidas sobre a peça, que passa a fazer parte em definitivo do legado deixado pelo cantor.

terça-feira, 26 de março de 2013

Mala do Livro vai com o Carro de Boi da Leitura ao 2º Encontro de Ternos de Folias de Reis que aconteceu de de 24 a 26 de Maio de 2013 em São Francisco, Minas Gerais.

A segunda edição do Encontro de Ternos de Folias de Reis que aconteceu de de 24 a 26 de Maio de 2013 em São Francisco, Minas Gerais, foi uma amostra da grande evolução das propostas de valorização, preservação e divulgação da cultura popular, lançadas com o primeiro encontro realizado em 2010. As atividades do segundo encontro ocuparam o pátio e as dependências do Centro Cultural e pautaram as discussões do Fórum Intermunicipal de Culturas Tradicionais, realizado simultaneamente como espaço de diálogo e troca de experiências entre grupos, pesquisadores e divulgadores da cultura popular.
               O evento foi produzido pela CULTUARTE, Associação de Cultura , Arte e Educação, entidade criada e comandada por um grupo de foliões de São Francisco que tem a frente o historiador e animador cultural Antonio Raposo. A partir de sua tradição familiar de devoção às Folias de Reis, Raposo estruturou através da CULTUARTE uma agenda de projetos que se concretizam como vitrine do rico painel cultural do norte mineiro, ampliado no grande sertão configurado entre Minas, Bahia e Goiás.
                Emplacando aprovação de projetos por meio de editais públicos e da iniciativa privada, a CULTUARTE promoveu em 2011, com o patrocínio da NATURA, a circulação do projeto "Folias, Foliões e seus Instrumentos Musicais" por doze cidades mineiras. Levando exposição dos instrumentos característicos, bandeiras e estandartes das Folias de Reis da região, conjugados com apresentações dos grupos de foliões e integrando artistas das localidades visitadas, o projeto marcou pela originalidade e protagonismo de seus realizadores ao promoverem intensas vivências com fazedores e apreciadores das tradições de Reis. 
                 Com a realização deste 2º  Encontro de Ternos de Folias de Reis & Fórum Intermunicipal de Culturas Tradicionais, com recursos do Fundo Estadual de Cultura de Minas Gerais, Antônio Raposo coloca definitivamente a CULTUARTE no patamar das instituições imprescindíveis para a sobrevivência da nossa cultura popular. Com as iluminadas bençãos dos Reis!


 



 




domingo, 24 de março de 2013

Chiquinho Livreiro da UnB é manchete no Correio



A casa fala: os afetos poéticos dos autógrafos de Chiquinho Livreiro da UnBSérie de reportagens multimídia do Correio mostra as relações afetivas entre as casas e os brasilienses
Publicação: 24/03/2013 07:30 Atualização: 23/03/2013 20:20
Para ouvir os áudios, posicione o mouse sobre os ícones, e então, clique no botão de play, na cor verde.

O acervo, a placa, a reportagem e a única obra sem autógrafo



Foi o jornal que conduziu o piauiense Francisco Joaquim de Carvalho para a leitura densa e prolongada dos livros. O jovem Chiquinho saía pelas quadras de Sobradinho oferecendo seu produto, folhas de papel transmitindo as notícias do mundo. Rapidamente, o jornaleiro aprimorou a velha técnica de gritar as manchetes aos ventos. Aproximava-se dos possíveis clientes e avisava-os de que na edição daquele dia havia assuntos de seu interresse. “Se o cara da farmácia gostava de futebol, eu dizia que tinha notícia do Pelé, por exemplo. Se o da padaria gostava de religião, eu contava que o jornal estava cheio de matérias sobre o papa. Se o outro se interessava por violência, eu mostrava a página de polícia.”

O carvalho do autógrafo poético de Cora


Logo, a técnica mambembe se mostrou extremamente bem-sucedida. Chiquinho ganhou uma bicicleta por ter sido o jornaleiro que mais vendeu exemplares num só mês, 500. O número era razoável para a modesta publicação, o Diário de Brasília, já extinto. Pouco tempo depois, foi trabalhar com dona Chica, dona da banca de revistas da Universidade de Brasília. O adolescente de 15 anos chegava à UnB às 6h, punha cem exemplares de jornal na cabeça e ia para a entrada norte do Minhocão esperar pelos alunos, professores e funcionários da universidade. Vendia o Correio Braziliense, a Folha de S. Paulo, o Jornal do Brasil, o Estadão e os periculosos O Pasquim, Coojornal, Opinião e Movimento, tabloides que enfrentavam o regime militar.

O Dorian Gray do Chiquinho


Eram anos de chumbo, mas o garoto vindo de Picos para Brasília aos 8 anos nem se dava conta da gravidade do momento. “Se o pessoal da ditadura me prendesse, eu não ia nem saber por que estava sendo preso.” Viriam mais perigos pela frente. Depois de quatro anos na banca da dona Chica, Chiquinho foi trabalhar na memorável Livraria Galilei, no Conic, ponto de encontro de intelectuais de esquerda. No dia do lançamento do livro de um anistiado político, a livraria recebeu um telefonema avisando que havia duas bananas de dinamite. A polícia foi chamada, e os explosivos, localizados.

Àquela altura, Chiquinho já estava fisgado pelas letrinhas impressas. Mas foi o contato intenso com o então editor da revista Víbora, Nelson Abrantes, que deu contornos definitivos ao destino do futuro livreiro. “Ele falava tanto de livros, o dia inteiro, que eu tinha pesadelos à noite.” Quando saiu da livraria de Abrantes, Chiquinho já estava preparado para ser um livreiro. Teve a ideia de voltar ao colo da UnB. Comprou um pequeno estoque de livros, bateu à porta do Centro Acadêmico de Economia e pediu para guardar na sala do CA seu modestíssimo acervo. Durante o dia, saía vendendo as obras de mão em mão e pegando encomenda de novos títulos. Até que mudou a gestão do centro acadêmico e o livreiro ambulante perdeu o lugar.

domingo, 3 de março de 2013

Grupo paulista conta e canta o universo de Patativa do Assaré no Teatro da Caixa




A Cia do Tijolo já apresentou o espetáculo até na Dinamarca
Há cinco anos, a Cia do Tijolo, trupe paulistana de teatro, conjuga o verbo “patativar” Brasil afora. Esse é o tempo em que estão na estrada com o Concerto de ispinho e fulô, espetáculo poético-musical sobre a vida e a obra de Patativa do Assaré, poeta nordestino morto há 11 anos. A peça, que já foi vista por cerca de 15 mil pessoas no país, cumpriu oito temporadas bem-sucedidas em São Paulo e até à Dinamarca já chegou, estreia em Brasília. Neste domingo (3/3), às 19h, será encenada no Teatro da Caixa.

A ideia surgiu durante imersão para um espetáculo sobre Guimarães Rosa, no sertão do Ceará. O ator Dinho Lima Flor, pernambucano radicado em São Paulo, foi visitar o memorial que homenageia Patativa e sofreu um “atravessamento”, como ele costuma dizer. “Me deu um arrepio na espinha. Comprei todos os livros dele e comecei a degustar essa poesia sobre um povo tão particular, mas que respinga no universo. Ele nunca saiu do sertão, mas se comunica com o mundo”, considera o ator.