segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Um olhar para a literatura: Igor Pires é o presente e o futuro na poesia

Presente na cultura nacional, a poesia faz parte do cotidiano de muita gente. No entanto, com o boom da internet, novos autores apresentaram-se ao mundo com seus talentos. Um deles é Igor Pires, escritor nacional mais lido em 2020

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  • Igor Pires é o presente e o futuro da poesia brasileira -  (crédito: Ana Carolina)Igor Pires é o presente e o futuro da poesia brasileira - (crédito: Ana Carolina)

    O céu azul, um casal no parque, a noite estrelada, como diria Van Gogh. A poesia, se olhada atentamente, está por todo o canto. Não somente nas páginas preenchidas pelas linhas, mas por tudo aquilo que faz a alma se revigorar. Apesar desses elementos pouco percebidos, as palavras ainda encontram força para alcançar aqueles que fogem do cotidiano por meio da literatura. No Brasil, existem muitos que fazem da vida uma grande poesia.

    Um deles, certamente, foi visto pelas famosas timelines das redes sociais por aí. Aliás, a poesia virtual, se assim pode ser chamada, teve ele como um dos pioneiros, lá atrás, em meados de 2016. Igor Pires, paulista de 28 anos, é o idealizador do perfil Textos cruéis demais para serem lidos rapidamente, inaugurado há quase uma década. O formato atrativo de textos em posts atraiu inúmeros seguidores no Facebook, que em seguida migrou para o Instagram.

    À época, o escritor, que acabava de sair de um relacionamento, encontrou na poesia uma maneira de colocar para fora sentimentos que nem mesmo Igor sabia que estavam ali. "No início, era um perfil coletivo, no qual eu e amigas próximas falávamos sobre autoestima, textos sobre a nossa intimidade. A gente se expunha bastante", relembra. Muito antes, naturalmente, se apaixonou por obras de grandes nomes da literatura, como Fernando Pessoa, Cecília Meireles, Machado de Assis, entre outros.

    Para Igor, a carreira deslanchou muito rápido. Afinal, muitos escritores publicaram o primeiro livro depois dos 30 ou 40 anos, enquanto ele, no auge da juventude, experimentava dessa diferente sensação de ser um autor publicado. "Para mim, foi meio meteórico me ver dentro desse espaço. Um lugar que eu não me visualizava, pois vim de uma família muito pobre, de uma periferia em Guarulhos (SP). É um caminho que não é ofertado a tantas pessoas assim", acrescenta.

    Igor Pires, 28 anos, foi o autor nacional mais lido em 2020
    Igor Pires, 28 anos, foi o autor nacional mais lido em 2020(foto: Tick Oliveira/Divulgação)

    Best seller

    Com o boom de visualizações no perfil do Facebook, logo o primeiro livro saiu, em dezembro de 2017. Com o mesmo título que carrega o nome da página, o trabalho do autor atraiu os olhares do selo Alt, da editora Globo Livros.

    Mas, mesmo com o alvoroço nas redes sociais, o pé atrás com as possibilidades de leitura do livro que viria indagavam o coração de Igor. Com o público fiel na internet, a transição para o papel começaria. O que, para ele, seria um início tímido, com poucas obras vendidas, superou a expectativa do escritor e até da editora. "A gente estimava que, pelo menos, se 10 mil obras fossem vendidas, estaria bom. Mas, um ano após o lançamento, mais de 200 mil exemplares tinham sido vendidos. Me tornei um escritor best-seller", conta Igor.

    Com a pouca idade, o escritor soma cinco livros publicados. Em 2020, durante a pandemia, ele se tornou o autor nacional mais lido do Brasil, com 750 mil exemplares vendidos. No total, Igor já ultrapassa a marca de um milhão de obras comercializadas. E, desde então, os números continuam subindo. Nos perfis espalhados pela internet, mais de 2,5 milhões de seguidores. "Sempre fui uma criança muito vislumbrada com o mundo. Sempre gostei muito de pessoas. Passei boa parte da adolescência escrevendo", recorda o escritor.

    Esses olhos de quem observa o universo com uma lente própria lhe permitiu chegar muito longe. Afinal, o Textos cruéis demais é presença marcante nas bienais ao redor do país. Trajeto que fez com que Igor viajasse para vários estados, incluindo Brasília, onde esteve duas vezes. E foi conhecendo os fãs, fora da bolha virtual, que ele percebeu o quão importante a troca pessoal é, não somente para visualizar o rosto daqueles que o acompanham, mas, também, para reafirmar o valor da literatura em lugares onde o acesso a ela é escasso.

    Poesia

    No Brasil, o questionamento sobre livros é sempre o mesmo: as pessoas gostam de ler? Para Igor, se o assunto são leitores jovens, as indagações são ainda mais profundas. "Quando lancei meu livro, em 2017, o mercado editorial brasileiro precisava de uma obra de poesia para que as pessoas pudessem entender que é um mercado que tem margem. As pessoas leem e gostam de poesia", afirma o escritor.

    Na visão de Igor, o Brasil poderia, sim, ser um país que consome mais livros. No entanto, há um caminho sendo construído para que cultura seja cada vez mais instaurada. Movimento, este, que tem sido pavimentado pela juventude, que embora virtual, ainda sente gosto pelo papel do livro e pela coleção dos mesmos na estante de casa. "Muitas vezes o adolescente só precisa ver o livro para ficar interessado. O jovem gosta muito de literatura, talvez só não tenha sido apresentado ao tipo que ele gosta", complementa.

    Olhar para essa geração de leitores é essencial para que novas pontes sejam construídas. Segundo o autor, a faixa etária que mais compra exemplares escritos por ele está entre os 13 e 30 anos, sendo boa parte deste grupo mulheres. As capitais mais marcantes são Rio de Janeiro, Salvador, Fortaleza e São Paulo. "Meu público também é muito povão, é massa, e eu falo isso com muito orgulho", finaliza.

    Uma vida inteira dedicada à escrita. Em tempo praticamente integral, para 2024, Igor promete visitar outros estados, e levar mais literatura e poesia aos fãs. E, é claro, mais um livro está sendo preparado, desta vez como um escritor mais maduro e em outra fase. Um sucesso absoluto, que mora no lugar mais simples e bonito: a poesia. 

    Foto de perfil do autor(a) Eduardo Fernandes
    Eduardo Fernandes 

    postado em 28/01/2024 

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    quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

    Documentário "Brasília: projeto capital" [2010]

    16/04/2010
    ! Não consegue assistir ao vídeo? Peça para bancodeconteudo@camara.leg.br

    Brasília: projeto capital

    Brasília: projeto capital faz um passeio no tempo para contar a história do nascimento de uma cidade. Da festa da inauguração, em noite iluminada por canhões de luz, até a primeira sessão da Câmara em Brasília no dia 21 de abril de 1960. Dois momentos marcantes, próximos no tempo e que completam 50 anos.
    Não é por acaso.

    Brasília é resultado de muita discussão na Câmara dos Deputados. Desde a primeira constituinte, ainda no Brasil Império, até a constituição de 46, a proposta de interiorizar a capital do Brasil esteve presente. José Bonifácio, o patriarca da independência, pensou até em nomes para a nova capital! Isso em 1823.

    Muitos são os personagens que ajudaram na “construção” de Brasília. Os primeiros idealizadores, os responsáveis pelas primeiras expedições, como Varnhagen. Diversos presidentes, deputados e muita discussão ao longo da história. Até chegar o dia em que Juscelino Kubitschek resolve fazer da transferência da capital para o planalto central - a meta-síntese de seu governo. Mas por que JK resolve tirar a ideia do papel?

    Quem conta é o imortal Murilo Melo Filho, na época jornalista da Revista Manchete.
    Deputados, jornalistas, servidores e artistas que viveram no Rio de Janeiro na época da transferência da capital para Brasília são os personagens dessa história. Os pioneiros também relatam a impressão da chegada em Brasília no início da construção. Poeira, lama, muito trabalho! Enquanto a cidade era construída, duras críticas eram publicadas nos grandes jornais da época. Muitos acreditavam que a obra ficaria inacabada.

    A Câmara dos Deputados criou duas comissões para garantir o sucesso da mudança. Uma, para acompanhar as obras de construção da Câmara; a outra, para planejar e executar a transferência dos deputados e servidores. Havia muita resistência à mudança. Deputados e servidores eram convidados a visitar Brasília para ver onde iriam morar e trabalhar.

    No plenário do Palácio Tiradentes, onde funcionava a Câmara dos Deputados no Rio de Janeiro, as discussões ficavam mais acaloradas à medida que se aproximava a data da inauguração de Brasília. Todo esse contexto político é retratado pelo documentário Brasília: projeto capital. As críticas do deputado udenista, Carlos Lacerda, as ameaças de CPI para investigar a Novacap e as leis aprovadas na Câmara para garantir a mudança da capital. Entre elas, a que marcava a data da inauguração da nova capital: 21 de abril de 1960.

    A história da mudança contada pelas pessoas que participaram dela: o deputado Carlos Murilo, sobrinho de JK; o deputado Nestor Jost, segundo vice- presidente à época; os jornalistas Villas Boas Corrêa, Carlos Chagas; os servidores Sylvio Vianna, Luciano Brandão, Léa Fonseca, Ada Coaracy, Joel Teixeira; Roberto Menescal, Nelson Pereira dos Santos; e os pioneiros Genésio de Oliveira e Kleber Farias.

    Direção e Roteiro: Frederico Schmidt - Pesquisa: André Bergamo - Edição e Finalização: Rubens Duarte - Direção de Arte: Márcia Roth - Videografismo: Tiago Keise - Narração: Cláudia Brasil - Produção: Pedro Henrique Sassi e Pedro Caetano Braga Santos - Imagens: André Benigno, Cláudio Adriano da Silva e Múcio Montandon - Fotógrafos: Elton Bomfim e Luiz Alves

    quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

    DF cria programa para incentivo e valorização de escritores de Brasília

    De autoria do Deputado Distrital Ricardo Vale, projeto incentiva a leitura e promoverá prêmios literários, exposição de obras de autores da capital, palestras e seminários

    BRASÍLIA Edis Henrique Peres
    Programa incentiva obras literárias do DF

    Programa incentiva obras literárias do DF

    ROBERTO CASTRO/GDF

    O governo do Distrito Federal instituiu, nesta quarta-feira (10), um programa de valorização de escritores brasilienses e de incentivo à divulgação de obras literárias sobre a capital do país. A medida foi sancionada pela governadora em exercício, Celina Leão, publicada no Diário Oficial do DF e prevê acordos e parcerias com escritores locais.

    A lei define que escritor brasiliense será todo autor que reside na capital ou que se identifica, em sua obra, com o DF. O projeto vai criar um banco de cadastros dos escritores, para facilitar o acesso às obras produzidas e aumentar o acervo em bibliotecas públicas e órgãos públicos.

    De autoria do deputado Ricardo Vale (PT), o programa estabelece iniciativas de incentivo , por exemplo.A lei estabelece que o governo deve manter de forma permanente a possibilidade de cadastro dos escritores, que no ato de inscrição devem informar o gênero dos textos produzidos, uma breve biografia e a relação que suas obras tem com o DF.

    O cadastro dos autores será vetado nos casos em que os textos façam apologia ao crime ou contenham discriminação, intolerância e ódio ou conteúdo pornográfico. O projeto também define que a cada dez livros literários o DF compre pelo menos um de autores brasilienses.

    “Os títulos devem ser selecionados de acordo com a faixa etária e o perfil do público frequentador da biblioteca. Para seleção dos títulos de obras literárias de escritora e de escritor brasilienses, fica facultado consultar as academias de letras sediadas no Distrito Federal e o Sindicato dos Escritores do Distrito Federal, ou, na falta deles, as associações de escritoras e de escritores brasilienses”, diz o texto.

    Incentivo e parcerias

    A lei também estabelece que as bibliotecas públicas, órgãos e entidades públicas do DF promovam campanhas de doação de obras de escritores locais, leitura das obras e contação de histórias.

    As escolas e bibliotecas também poderão fazer parcerias para custearem as despesas de deslocamento e lanches dos escritores nos eventos, em troca de divulgação dos patrocinadores.