segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O Saci - Clássico de Monteiro Lobato - E-Book Grátis

sacicq6 [Infanto Juvenil] O Saci   Monteiro Lobato
Pedrinho, naqueles tempos, costumava passar as férias no Picapau Amarelo. Há muito era perseguido por uma idéia: caçar no Capoeirão dos Tucanos, a mata virgem do sítio. Dona Benta arrola mil razões para dissuadi-lo, em vão. Mas quando aventa a possibilidade de ele encontrar um saci, a coisa muda de figura… O que era medo se transforma em curiosidade, e Pedrinho vai à procura desses estranhos seres.

O Saci – Monteiro Lobato



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Hoje é o Dia D - Drummond


O Poeta
Foto de Brás Martins da Costa     Se vivo fosse, Carlos Drummond de Andrade estaria completando hoje 109 anos. A morte emendou a gramática. Morreram Carlos Drummond. Não era um só. Eram tantos. Mas quem disse que Drummond morreu? E que ironia! Alguém tão cético provando que há vida após a morte! Mais do que qualquer outro gênio soube ser reconhecido enquanto vivo e não se deixar morrer mesmo negando os convites para se tornar imortal como membro da Academia Brasileira de Letras.
     Tímido e recatado como bom mineiro, conta-se nos dedos as vezes que encarou uma câmera. Sua vida está em seus versos. E o hábito de sofrer, que tanto me diverte / é doce herança itabirana. Filho do fazendeiro Carlos de Paula Andrade e D. Julieta Augusta Drummond de Andrade, nascido em Itabira do Mato Dentro, Minas Gerais, a 31 de outubro de 1902, nunca foi dado aos cuidados da terra e desde muito cedo deu preferência às letras.
     Foi aluno interno do Colégio Arnaldo, da Congregação do Verbo Divino, em Belo Horizonte. Interrompeu os estudos no segundo período escolar em 1916 por problemas de saúde. No ano seguinte teve aulas particulares e em 1918 foi aluno interno do Colégio Anchieta, da Companhia de Jesus, em Nova Friburgo. Em 1920 foi expulso por “insubordinação mental” e do colégio guardou o modo de andar com os braços colados às pernas e a cabeça baixa.
     Cursou Farmácia em Belo Horizonte para onde a família se mudara em 1920. Em 1924 envia carta a Manuel Bandeira manifestando sua admiração pelo poeta. É também neste ano que conhece Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral.
     No início dos anos 20, o jovem Drummond participava do Jornal Falado do Salão Vivacqua. Tratava-se de saraus idealizados por Mariquinhas, uma das filhas de Antônio Vivacqua. A família, natural do Espírito Santo, havia se mudado para Belo Horizonte porque o poeta Achilles, um dos filhos de Antônio, estava com tuberculose e o ar da capital mineira era recomendado para o tratamento da doença. A beleza, inteligência e senso de humor de Mariquinhas logo cativaram Drummond. O namoro na praça era acompanhando por duas irmãs mais novas de Mariquinhas: Eunice e Dora, que anos mais tarde viria a se transformar em Luz del Fuego. O romance não foi muito longe. Em uma noite entediante, Drummond e o amigo Pedro Nava imaginaram uma forma de as irmãs Vivacqua (seis belas moças, além das três crianças Eunice, Cléa e Dora) “saírem à rua de camisola, feito libélulas esvoaçantes. Com um pedaço de papel, atearam um foguinho na seteira do rés do chão que ficava sob o quarto das moças. O fogo se alastrou, tomando conta de todo o porão da casa. Esquecidos das poéticas libélulas, os apavorados incendiários deram eles mesmos o alarme e ajudaram a apagar o incêndio” (in Luz del Fuego - A bailarina do povo, de Cristina Agostinho, Editora Best Seller). A brincadeira foi perdoada por Aquilles e Mariquinhas, mas Antônio Vivacqua proibiu os encontros da filha com Drummond.
     Em 1925, Mariquinhas casou com um poeta fluminense e Drummond casou com Dolores Dutra de Morais. O poeta voltou para Itabira sem interesse pela profissão de farmacêutico e sem conseguir se adaptar à vida de fazendeiro. Dois anos depois, nasce seu filho Carlos Flávio, que só viveu por alguns instantes. Em 1928 publica na Revista Antropofagia, de São Paulo, o poema No meio do caminho, que se torna um verdadeiro escândalo literário. No mesmo ano nasce sua filha Maria Julieta. Filha única e sua grande paixão, Maria Julieta seria sua eterna musa, um verso meu, iluminando o meu nada, diria no poema A mesa. A cumplicidade entre os dois existia no mais singelo olhar e também na vocação. Escritora, Julieta jamais conseguiria destaque, sufocada pelo sobrenome famoso que carregava.
     Alguma Poesia, seu primeiro livro, foi editado em 1930. Foram apenas 500 exemplares. Em 1931, morre seu pai, aos 70 anos. Três anos depois transferiu-se para o Rio de Janeiro e não mais voltou a sua cidade natal: Itabira é apenas uma fotografia na parede. / Mas como dói!

Foto de Chico Nelson / Keystone     Drummond conseguia, a um só tempo, ser Chefe de Gabinete do ministro Gustavo Capanema, do Estado Novo, e usar suas palavras para destruir o capitalismo. Do gabinete ministerial, saiu direto para a condição de simpatizante do Partido Comunista Brasileiro. Agnóstico, conseguia clamar aos céus uma ajuda aos irmãos necessitados numa prece bem brasileira: Meu Deus,/ só me lembro de vós para pedir,/ mas de qualquer modo sempre é uma lembrança./ Desculpai vosso filho, que se veste/ de humildade e esperança/ e vos suplica: Olhai para o Nordeste/ onde há fome, Senhor, e desespero/ rodando nas estradas/ entre esqueletos de animais.
     O modernismo no estilo de Drummond levou-o, com sua linguagem em diferentes ritmos, à popularização em um país onde se lê pouco. No meio do caminho tinha uma pedra/ tinha uma pedra no meio do caminho ou E agora, José?/ A festa acabou/ a luz apagou/ o povo sumiu são versos que entraram para a História como ditos populares. Mantêm-se presente no linguajar popular de forma excepcionalmente bela: Mundo mundo vasto mundo/ se eu me chamasse Raimundo/ seria uma rima, não seria uma solução.
     A morte, assim como o humor, foi uma constante em sua obra:
     Misturou o amor e a doença que levou sua filha com seu típico humor em Versos Negros (mas nem tanto)O amor, então, é a grande solução?/ Amor, fonte de vida... Essa é que não./ Amor, meu Deus, amor é o próprio câncer.
     Em 1982 completa 80 anos. São realizadas exposições comemorativas na Biblioteca Nacional e na Casa de Rui Barbosa. Recebe o título de doutorhonoris causa pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. No ano seguinte declinaria do troféu Juca Pato. Em 1984 assina contrato com a Editora Record, após 41 anos na José Olympio.
     A escola de samba Estação Primeira de Mangueira o homenageia em 1987 com o samba-enredo O reino das palavras e é campeã do carnaval carioca naquele ano. No dia 5 de agosto morre a mulher que mais amou, sua amiga, confidente e filha Maria Julieta. Desolado, Drummond pede a sua cardiologista que lhe receite um “infarto fulminante”. Apenas doze dias depois, em 17 de agosto de 1987, Drummond morre numa clínica em Botafogo, no Rio de Janeiro, de mãos dadas com Lygia Fernandes, sua namorada com quem manteve um romance paralelo ao casamento e que durou 35 anos (Drummond era 25 anos mais velho e a conheceu quando ele tinha 49 anos). Era uma amor secreto, mas nem tanto. Lygia contaria ao jornalista Geneton Moares Neto (a quem Drummond concedeu sua última entrevista) que “a paixão foi fulminante”.
     O poeta mineiro deixou livros inéditos que foram publicados postumamente pela Editora Record: O avesso das coisas (1987), Moça deitada na grama(1987), O amor natural (1982) e Farewell (1996).


Alguma poesia
     Drummond publicou centenas de poemas em mais de 30 livros (sem contar as antologias poéticas, edições de poesia reunida, livros infantis e de prosa). Aqui estão 100 destas composições. Ainda que você não seja um aficcionado pela obra de Drummond, por poesia ou mesmo que não goste de ler muito, irá reconhecer vários versos do poeta que passaram a fazer parte dos ditos populares e das citações em rodas de amigos.
      Os poemas que tiverem este símbolo podem ser ouvidos na voz de Drummond.

SOS Biblioteca Pública de Ceilândia

A BIBLIOTECA PÚBLICA DE CEILÂNDIA PEDE SOCORRO!
 
Meu nome é João e  freqüento a Biblioteca Pública de Ceilândia há mais de dez anos e estou indignado.
Eu estava presente no dia que as professoras que construíram a Biblioteca e estavam lá desde sua inauguração foram retiradas de forma arbitrária pela Administração de Ceilândia. Após quase 03 meses da saída delas, a Biblioteca está um CAOS. Os funcionários que estão agora,  que diga-se de passagem, todos comissionados, não sabem nada e ainda nos tratam com muita ignorância. Um dia deste fui pedir informação para uma moça que estava na recepção e ela disse o seguinte: “ Não quero nem saber das porras desses usuários, eles que se fodam.”. Daí dá para ver o despreparo e falta de respeito desses funcionários com a gente. Fiquei muito injuriado e resolvi mandar este email para quem eu conheço e quem não conheço também. Os livros estão uma desordem só, uma falta de respeito com o bem público.
A que era a melhor biblioteca do DF está sendo a pior agora. Tenho certeza que não é isso que o governo quer!
Sabemos que existem carência de professores nas escolas, mas essas professoras não estavam em sala de aula mas faziam um excelente trabalho em prol da educação, enquanto tem milhares de professores desviados das suas funções, em outros órgão que não tem nada a ver com a educação. Por que foram mexer no que estava funcionando e muito bem. Agora tá desse jeito!
Temos que fazer alguma coisa para trazer essas professoras de volta! Passe este e-mail para quem você conhece.
 
João

domingo, 30 de outubro de 2011

Denis Velez. Jovem poeta dos bons.

Quem sou eu Vivencias. Minucia seus desejos e as palavras, registra de forma. Um autor amador que brinca com um Nordestino nascido em 1987. Sou.


ENEM sei como faz essa prova!
ENEM sabia se conseguia fazer!
EM, porque mesmo dessa prova?
ENEM sabe ENEM precisa saber!!
ENEMil vezes passaria!
ENEMil vezes tentaria!
ENEMil vezes choraria!
ENEM se fosse a última coisa que me restasse!
E se passasse? ENEM
E se bombasse? ENEM
ENEM sei mesmo se ela precisa!
ENEM sei mesmo porque ela existe!



Visite o blog dele http://tudoeprosa.blogspot.com/

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

http://formosacidadeepovo.blogspot.com/
É um blog que pretende divulgar o livro Formosa cidade e povo, de autoria de Gilvan José Vieira e o livro trata da história belíssima da cidade de Formosa-GO. Vale a pena lê-lo,pois o mesmo é de leitura agradável e de bom conteúdo! servindo inclusive como base para pesquisas escolares. Você vai gostar... E OUTRAS COCITAS MAS!!!


segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Dia 29 é o Dia Nacional do Livro

No dia 29/10 é comemorado o Dia Nacional do Livro, data em que foi fundada a Biblioteca Nacional, com a transferência da Real Biblioteca portuguesa para o Brasil, no ano de 1810. Para celebrar esse dia a Caravana da Leitura montará a sua tenda em Paraty, na Praça da Paz, nos dias 28 e 29, das 9h30 às 17h, com a venda de livros para crianças, jovens e adultos pelo valor simbólico de R$ 1,00. Mais informações no site: www.projetosdeleitura.com.br

segunda-feira, 10 de outubro de 2011


Comunidades rurais de todo o País receberam mais de 8,7 mil bibliotecas
  Comentários :: Publicado em 08/10/2011 na seção noticias :: Versões alternativas: Texto PDF



O programa Arca das Letras, criado peloMinistério do Desenvolvimento Agrário (MDA) em 2003, já implantou em todo o Brasil mais de 8,7 mil bibliotecas rurais. O número de livros distribuídos passa de dois milhões. A administração das bibliotecas é feita por 17 mil agentes de leitura que contribuem para melhorar os índices educacionais das comunidades, valorizar a cultura e apoiar os processos produtivos no meio rural. 

O programa beneficia famílias do campo, formadas por agricultores familiares, assentados da reforma agrária, comunidades de pescadores, remanescentes de quilombos, indígenas e populações ribeirinhas.

Para incentivar e facilitar o acesso à leitura, as bibliotecas são instaladas na casa dos agentes de leitura ou nas sedes de uso coletivo (associações comunitárias, pontos de cultura, igrejas), de acordo com a escolha da comunidade e disponibilidade dos agentes.

O acervo inicial de cada arca conta com mais de 220 livros e histórias em quadrinhos (gibis). Os exemplares são escolhidos de acordo com a indicação e demanda das famílias atendidas. Os acervos são formados por literatura infantil, para jovens e adultos, livros didáticos, técnicos, especializados e de referência ao exercício da cidadania.

AGENTES DE LEITURA

As bibliotecas são administradas voluntariamente por moradores das comunidades atendidas. Formadas pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, estas pessoas se tornam agentes de leitura e ficam responsáveis pelas atividades da biblioteca.

INSCRIÇÃO

Para receber uma biblioteca Arca das Letras é preciso reunir os moradores, preencher o formulário de consulta comunitária -- disponível neste link (arquivo PDF) - que vai pontuar as características das famílias que serão beneficiadas e indicar os livros que vão atender a comunidade. Um ponto importante para agilizar a implantação é conquistar parcerias que viabilizem a construção do móvel-biblioteca.

DOAÇÃO DE LIVROS

Para realizar doação de livros para o programa, escreva paraarcadasletras@mda.gov.br.

Outras informações podem ser obtidas no telefone (61) 2020-0201.

FONTE

Em Questão

Links referenciados

Ministério do Desenvolvimento Agrário
www.mda.gov.br

arcadasletras@mda.gov.br
arcadasletras@mda.gov.br

Arca das Letras
www.mda.gov.br/portal/sra/programas/arca
dasletras

Em Questão
www.secom.gov.br/sobre-a-secom/nucleo-de
-comunicacao-publica/copy_of_em-questao-
1

neste link
comunidades.mda.gov.br/o/3697339

Fonte:

domingo, 9 de outubro de 2011

Lançamento livro "A Menina Derretida", de Giulieny Matos, 22/10 Cultura Casa Park

Olá para todos!

O livro está prontinho!!!

Espero vocês lá na Livraria Cultura Casa Park, na mesa de autógrafos!!!!

Fica ao lado do Park Shopping.
Dá para ir de metrô. Quem vai de carro, estacionamento grátis.

Estarei lá das 16 horas até 22 horas.

Deixe sua mensagem no blog

giulienymatos.blogspot.com
ou
trocadefigurinhas.blogspot

Conheça o Projeto Também Quero Ler!

Abraços derretidos...

Giulieny Matos
Autora

Nobel iluminado pelo sol de Lisboa


    
O Prêmio Nobel de Literatura deste ano, contrariando as apostas de sempre, tendendo ao prosador israelense Amos Oz e/ou ao versejador sírio-libanês Adonis, pseudônimo de Ali Ahmed Said Esber, foi anunciado quinta-feira passada, dia 6, para o poeta e tradutor sueco Tomas Tranströmer (foto), de 80 anos. Toda vez que um intelectual daquela nação é galardoado com esse Nobel, podem surgir surtos de suspeita: primeiro, a homenagem é patrocinada pela própria Suécia; segundo, na ocasião anterior de atribuição a suecos, concedeu-se duplamente a dois membros do júri da escolha do laurel, presentes à reunião, Eyvind Johnson e Harry Martinson, em 1974.

Foi o contrário do compatriota Erik Axel Karlfeldt, o qual recusou a honraria em 1918, alegando ser secretário permanente da Academia Sueca, responsável pela homenagem. Fora do cargo, Karlfeldt só a aceitou em 1931. Johnson e Martinson ficaram tão estigmatizados que se duvida terem motivado muitos leitores fora da Suécia, de 37 anos para cá. Antes de ser contemplado, Martinson ainda era conhecido como autor do poema homônimo adaptado para uma ópera de ficção científica, Aniara, de Karl-Birger Blomdahl, estreada em 1959. Dez anos depois, circulava no Brasil long-play cujo lado A, paralelamente à trilha-sonora original do filme, também vendida fonograficamente, continha orquestrações do repertório de 2001: uma odisseia no espaço (2001: a space odissey), de Stanley Kubrick, em 1968; e na face B, instrumentações e árias de Aniara.

Entretanto, suecos ganhadores do Nobel de Literatura foram poucos, sete. Abrangem os esquecidos Verner von Heidenstam, em 1916, e Karlfeldt. Mas também dois gigantes da prosa, Selma Lagerlöf, em 1909, e Pär Lagerkvist, em 1951.

Ao invés de Johnson e Martinson, a Academia Sueca poderia ter manifestado criatividade bairrista, por meio de um Nobel de Literatura opcional, como roteirista, para o então sueco vivo de maior celebridade, o cineasta Ingmar Bergman.

Afinal, diretores cinematográficos franceses, a exemplo de Marcel Pagnol e Jean Cocteau, ainda que ambos fossem mais conhecidos como literatos, além de René Clair, se assentaram na Academia Francesa de Letras. Assim como Nelson Pereira dos Santos pertence atualmente à Academia Brasileira.

Dois anos depois, Bergman se autoexilaria da terra natal, depois de sofrer constrangimentos numa delegacia de Polícia por imbróglio negociável com o imposto de renda.

Mas, tudo indica que Tranströmer é merecedor do prêmio. Só existe um acesso em português aos versos dele, a coletânea 21 poetas suecos, publicada 30 anos atrás na capital portucalense. Nela consta o poema “Lisboa”, com esse conteúdo: ‘Roupa branca no azul. Os muros quentes/As moscas liam cartas microscópicas/Seis anos mais tarde perguntei a uma senhora de Lisboa/ será verdade ou só um sonho meu?”

Frederico Fontenele Farias
fred@opovo.com.br
Fonte:

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Crítica literária ainda existe?
José Castello 

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Em Ribeirão Preto, participo de uma mesa de debates organizada pela Oficina Cândido Portinari. Tenho a honra de dividi-la com Luiz Costa Lima, um de nossos mais importantes teóricos da literatura. E a sorte de ter a nosso lado um mediador de luxo: o escritor Menalton Braff.

O tema que nos oferecem: "crítica literária". Falamos em crítica e logo pensamos em avaliações, aferimentos, aprovações ou reprovações. Atitudes ― mais de julgamento, que de interpretação ― que, em geral, são apresentados como crítica. Não falo, também, dos escritos irônicos, rancorosos, ou sarcásticos que, muitas vezes, são confundidos com a crítica. Não passam de desabafos, maledicências, rancores, jogadas de grupos. Nada mais.

Enfim: os organizadores do evento de Ribeirão Preto vêem a mim e a Costa Lima como dois praticantes da "crítica literária". Mas será? Viajei para Ribeirão me perguntando se tal coisa, "crítica literária", ainda existe mesmo. Para pensar melhor, reli durante a viagem um precioso artigo deFlora Süssekind, "Rodapés, tratados e ensaios", guardado em Papéis colados, livro que editou pela UFRJ em 2003.

A crítica literária "de rodapé" proliferou no Brasil em meados do século XX. De seus grandes nomes, apenas um, Wilson Martins, que foi durante muitos anos colunista do "Prosa & Verso", d'O Globo, chegou ao século XXI ― faleceu em 2010. O advogado e jornalista Álvaro Lins morreu em 1970. Pintor, poeta e tradutor, Sérgio Milliet faleceu em 1966. O jornalista e ensaísta Otto Maria Carpeaux, em 1978. O historiador Sérgio Buarque de Holanda, em 1982. Professor e pensador católico, Tristão de Athayde morreu em 1983. Homens do século XX. Posso concluir: crítica literária, atividade do século XX também.

A diversidade de formações me sugere um único atributo que os aproximava: a não-especialização. Na verdade, o mais importante entre todos os críticos de rodapé, o professor universitário Antonio Candido, nascido em 1918, ainda está vivo e muito lúcido ― como tivemos a oportunidade de verificar na Flip deste ano, em Paraty. Em sua fala, Candido, que foi durante longo tempo professor de Teoria Literária na USP, recordou que lhe coube introduzir a crítica literária, antes praticada apenas nos jornais, no meio universitário.

No ano de 1951, o ensaio de Flora me ajuda a pensar, Afrânio Coutinho(1911-2000) criou, na Faculdade de Filosofia do Instituto Lafayette, no Rio, a primeira cadeira de Teoria Literária. Até 1965, quando a UFRJ funda a primeira faculdade de Letras do país, os cursos de Letras não passavam de departamentos abrigados nas faculdades de Filosofia. A literatura era um subsaber.

1965: eis um ano de ruptura. Sob a forte influência do estruturalismo, a Teoria Literária prolifera nas faculdades de Letras, que por sua vez se espalham por todo o país. Quantas serão hoje? Não sei responder. Sei que somos um país de grandes teóricos da literatura. Penso em Silviano Santiago, em Leyla Perrone-Moisés, no saudoso João Alexandre Barbosa, em Alcir Pécora, em David Arrigucci, em Antonio Carlos Secchin, e no próprio Costa Lima. Teóricos de linhagem e formação distintas, de temperamentos às vezes incompatíveis, mas ligados pela paixão da teoria.

Volto, enfim, à mesa de debates de Ribeirão Preto. Diante do tema, "crítica literária", uma pergunta não me deixava: mas tal coisa existe mesmo? De um lado temos os teóricos da universidade, que fazem percursos rigorosos, se submetem a leituras metódicas e se filiam a essa ou àquela nobre corrente de pensamento. De outro, existem hoje os resenhistas da imprensa, igualmente respeitáveis, escrevendo desde a perspectiva da "não-especialização". Mais ensaístas que teóricos. Em boa parte dos casos, mais comprometidos com a informação (que é o sangue do jornalismo) do que com a reflexão.

Muitos teóricos importantes ― penso em Beatriz Resende, em Alcir Pécora, em Antonio Carlos Secchin, em Davi Arrigucci, e na própria Flora Süssekind ―, vez por outra, escrevem artigos para os suplementos literários da imprensa. Esses suplementos, é natural, estão dominados por jornalistas ― entre os quais eu mesmo me incluo ― que cultivam uma relação livre e intuitiva (alguns dizem "impressionista") com a literatura. Escrevem (escrevemos) resenhas: ao contrário dos teóricos da academia, não temos compromisso algum com tradições teóricas, com sistemas, com conceitos. Escolhemos nossos livros estimulados pelas ofertas do mercado, pelas modas e ainda pelo apreço à surpresa; e não empurrados por esse ou aquele percurso intelectual.

Será que nós, resenhistas, fazemos "crítica literária"? Será que os teóricos da academia fazem "crítica literária"? Quem são hoje os críticos literários? A resposta que venho arriscar, temerária, frágil, mas possível, é: a crítica literária não mais existe. Em meu caso particular ― foi o que tentei explicar em Ribeirão Preto ―, desde que passei a ocupar, com muita honra, uma coluna do caderno "Prosa & Verso", não faço nem uma coisa (resenha), nem outra (teoria). Mas, então, o que faço? Costumo, cheio de temores, me definir como "cronista". Mas serei isso mesmo?

Escrevo, na verdade, "relatos íntimos de viagem", não a esse ou aquele país, ou continente, mas a determinado romance, ou livro de poemas. Leio (viajo) e depois, em minhas colunas, narro minhas impressões, falo dos pensamentos que a leitura me despertou, das associações que me motivou, dos livros que me levou a reler. Trabalho, eu sei disso, com um gênero híbrido ― que nem é resenha, nem é teoria, tampouco é crítica literária também. Sempre que me perguntam afinal quem sou (pois vivemos na era dos crachás, das senhas e das assinaturas digitais) opto, ainda inseguro, pelo termo "cronista". Por quê? A crônica é, por excelência, um gênero de fronteira, localizado a meio caminho entre os fatos e as ficções. É um gênero "trans" ― podemos, talvez, falar em um "transgênero". Além disso, tenho em alta conta os cronistas clássicos ― Rubem BragaFernando SabinoPaulo Mendes Campos. Não são magníficas, ainda, as crônicas escritas por Drummond e por Clarice?

Eis o que faço, ou tento fazer: escrever desde essa fronteira, lugar remoto e não muito preciso, habitado por um ser fugidio que chamamos de "leitor comum". Sim: sou um leitor profissional, não posso recusar esse status. Ele aparece nas folhas de pagamento. Mas, quando leio, luto para ser apenas um leitor comum. Um leitor apaixonado, que agarra um livro, ou ao contrário o abandona, só por impulso. Alguém que lê guiado por sua memória pessoal, por seu temperamento, por seus afetos. Entrego-me, então, ao livro que tenho nas mãos, para que ele, sim, me leia. Ele, sim, faça alguma coisa de mim. Ao relato dessa entrega chamo, na falta de um nome melhor, de crônica. Relato, portanto, de uma viagem subjetiva em que o livro é minha estrada.

Será "crítica literária" o que faço? Pessoalmente, a expressão me incomoda. Não porque não seja digna, ou porque deponha contra mim, ou porque me agrida. Ao contrário! Mas porque, simplesmente, não diz quem eu sou. Tampouco acredito que ela combine com o trabalho mais factual dos resenhistas (que eu mesmo, muitas vezes, pratico). E nem que seja uma expressão adequada ao trabalho severo dos teóricos da universidade.

No fim das contas, só uma coisa une teóricos, resenhistas e cronistas: uma mesma paixão. Só a literatura nos une. Apaixonados pelo mesmo objeto, cada um o vê, dele se aproxima, o descreve e o envolve à sua maneira. Para além de todos os nomes e classificações, impõe-se, sempre, a força do olhar singular. Já não sei se, quando falamos dos teóricos literários, dos resenhistas literários e dos cronistas literários, devemos mesmo usar a expressão "crítica literária".

Uma expressão que, arrisco-me a pensar, talvez tenha ficado no passado ― com Álvaro Lins, com Tristão, com Carpeaux, com Décio de Almeida Prado, com Sérgio Buarque. E que hoje é só uma expressão vazia, que se refere a um objeto inexistente. Talvez venha daí a sincera aflição que Antonio Candido exibiu em sua fala na Flip. Aflição que muitos tomaram como manifestação de pessimismo, mas que tomo como expressão de extrema lucidez.

Talvez a expressão "crítica literária" seja hoje usada mais para amedrontar, para intimidar, do que para dialogar e acolher. Talvez por isso desperte mais suspeitas que confiança. Declarar-se crítico literário é, quem sabe, pretender uma autoridade que, hoje, ninguém mais tem. Se o crítico não é um juiz que aprova ou desaprova, se ele não é um especialista em aferição de qualidades, se não é um severo inspetor de "boa escrita", como eu penso que ele não é, o que sobra para o crítico? Sobra ser um leitor. Um leitor comum, para quem a paixão dá sempre a última palavra.

Nota do Editor
Texto gentilmente cedido pelo autor. Originalmente publicado no blog A literatura na poltrona, de José Castello, e igualmente reproduzido no jornal literário Rascunho. (Leia também a Entrevista de José Castello e "Por um jornalismo mais crítico".) 


José Castello 
Curitiba, 29/8/2011


Fonte:
http://www.digestivocultural.com/ensaios/ensaio.asp?codigo=424&titulo=Critica_literaria_ainda_existe?