terça-feira, 25 de julho de 2023

Lula diz que pediu a Dino para fechar 'quase todos' os clubes de tiro

 

Por Alice Cravo — Brasília

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira que pediu ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, para fechar "quase todos" os clubes de tiro no país. Lula defendeu que apenas as forças de segurança precisam ter um espaço para "treinar tiro".


— Eu, sinceramente, não acho que um empresário que tem um lugar para praticar tiro é um empresário. Eu, já disse para o Flávio Dino: nós temos que fechar quase todos, só deixar aberto aqueles que são da PM, do Exército ou da Polícia Civil. É organização policial que tem que ter lugar para atirar, para treinar tiro. Não é a sociedade brasileira. Nós não estamos preparando uma revolução. Eles tentaram preparar um golpe, "sifu" — afirmou durante sua live semanal.

Lula diz que pediu a Dino para fechar 'quase todos' os clubes de tiro
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Lula diz que pediu a Dino para fechar 'quase todos' os clubes de tiro

O presidente defendeu ainda o novo decreto regulamentando a circulação de armas no país, publicado na semana passada pelo governo federal. Lula afirmou que a legislação anterior, feita pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi elaborada para "agradar o crime organizado".

— Tinha uma confusão, se pode liberar arma, CACs. Eu acho que temos que ter claro o seguinte: por que cidadão quer pistola 9 mm? O que vai fazer com essa arma? Vai fazer coleção? Vai brincar de dar tiro? Porque no fundo no fundo esse decreto de liberação de armas que o presidente anterior fez era para agradar o crime organizado, porque quem consegue comprar é o crime organizado e gente que tem dinheiro. Pobre trabalhador não está conseguindo comprar comida — afirmou.

Na semana passada, o governo publicou um novo decreto que regulamenta o mercado de armas no Brasil para a população civil. Entre as principais mudanças, estão a limitação na quantidade de armas e munições que podem ser compradas por cada cidadão, a restrição de calibres específicos que antes eram permitidos, a proibição do funcionamento de clubes de tiro por 24 horas e a obrigação de transitar com a arma desmuniciada.

Além disso, o governo determinou a "migração progressiva" da prerrogativa de fiscalizar os caçadores, atiradores e colecionadores, os chamados CACs, para a Polícia Federal - antes, essa competência era de responsabilidade exclusiva do Comando do Exército. Elaborado pelo ministério da Justiça e prometido durante a campanha eleitoral, o decreto visa reverter a política do governo anterior de flexibilização do acesso às armas.

O ex-presidente (2019/22) tinha entre suas principais pautas na gestão o aumento do número de armas em posse da população. Com isso, decretos editados na gestão anterior facilitaram o acesso ao armamento, inclusive os de uso restrito. A gestão também ficou marcada pelo crescimento de registros concedidos para clube de tiros. À época, o Exército tinha a responsabilidade de analisar a aprovar a abertura dos clubes.

Lula sobre clube de tiro: "Temos que fechar quase todos"

Lula sobre clube de tiro: "Temos que fechar quase todos"

O presidente relatou ter feito o pedido ao ministro Flávio Dino. Para o petista, apenas clubes de tiro das Forças Armadas e de segurança deveriam funcionar


Victor Correia
postado em 25/07/2023 12:58
Lula falou sobre o assunto durante o programa Conversa com o Presidente desta terça-feira (25/7) -  (crédito: Ricardo Stuckert)Lula falou sobre o assunto durante o programa Conversa com o Presidente desta terça-feira (25/7) - (crédito: Ricardo Stuckert)


presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou nesta terça-feira (25/7) ter dito ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, que "quase todos" os clubes de tiro devem ser fechados. Para o presidente, apenas os clubes da polícia ou das Forças Armadas deveriam funcionar.

"Eu, sinceramente, não acho que um empresário que tem lugar para praticar tiro é um empresário. Já disse para o Flávio Dino: nós temos que fechar quase todos. Só deixar abertos aqueles que são da PM [Polícia Militar], do Exército ou da Polícia Civil", afirmou o presidente durante a edição desta terça-feira do Conversa com o Presidente, seu programa semanal de entrevista.

"É organização policial que tem que ter lugar para atirar, para treinar tiro. Não é a sociedade brasileira. Não estamos preparando uma revolução. Eles tentaram preparar um golpe", afirmou ainda Lula.

Reforço na fiscalização

A declaração ocorre após Lula assinar, na última sexta-feira (21), um novo decreto para regulamentação das armas de fogo que limitou o funcionamento dos clubes de tiro para o horário das 6h às 22h, e com instalação a, pelo menos, um quilômetro de escolas. 

Na semana passada, em coletiva de imprensa, Dino também frisou que o governo vai reforçar, "e muito", a fiscalização dos clubes de tiro, já que vários estabelecimentos são utilizados como fachada para vender ou desviar armas ao crime organizado.

O Brasil na era do livro, na era da cultura, que é o que nós estamos fazendo, agora, com a Lei Paulo Gustavo e com a Lei Aldir Blanc

 Lula: liberação de armas de fogo era para “agradar ao crime organizado”

Durante a live Conversa com o Presidente, nesta terça-feira (25), Presidente Lula  também defendeu fechamento dos clubes de tiro

Ricardo Stuckert

Lula, ao condenar armamentismo no Conversa com o Presidente: "As pessoas não querem violência"

O presidente Lula defendeu, nesta terça-feira (25), o fechamento da maioria dos clubes de tiro no país e a manutenção apenas dos que são utilizados pelas Forças Armadas e pelas polícias militar e civil. Durante a live Conversa com o Presidente, Lula afirmou que as ações de Jair Bolsonaro e do ex-ministro da Justiça Sergio Moro para expandir esses clubes e liberar o acesso a armas de fogo tinha o objetivo de “agradar ao crime organizado”.

“Nós temos que ter claro o seguinte: por que que um cidadão quer uma pistola 9 mm? Por que ele quer? O que ele vai fazer com essa arma? Vai fazer coleção? Vai brincar de dar tiro? Porque, no fundo, no fundo, esse decreto de liberação de armas que o presidente anterior fez era para agradar ao crime organizado, porque quem consegue comprar é o crime organizado e gente que tem dinheiro”, disse Lula, em conversa com o jornalista Marcos Uchôa.

Segundo o presidente, os trabalhadores estão mais preocupados em ter condições de comprar alimentos, material escolar para os filhos e brinquedos para as crianças. “Então, como é que as pessoas que trabalham vão comprar fuzil, vão comprar rifle, vão comprar dez pistolas, doze pistolas, quinze pistolas?”, questionou o presidente. “As pessoas não querem violência”.

Os clubes de tiro se espalharam pelo país e, hoje, funcionam como comitês do bolsonarismo e da violência, sobretudo política. Nos últimos quatro anos, o governo passado autorizou a abertura de uma unidade do tipo por dia. Dados do Exército obtidos pelo portal g1 via Lei de Acesso à Informação apontam para 1.483 registros concedidos de 2019 a 2022.

Durante a live, Lula afirmou que não vê como empresário quem mantém um clube de tiro, em razão dos prejuízos causados pelo armamentismo à segurança dos brasileiros, o que inclui, além da violência, o desvio de armas para milícias e outras organizações criminosas.

“Eu já disse para o Flávio Dino: nós temos que fechar quase todos, só deixar abertos aqueles que são da Polícia Militar e do Exército, ou da Polícia Civil. É a organização policial que tem que ter lugar para atirar, para treinar tiro, não é a sociedade brasileira. Nós não estamos preparando uma revolução. Eles tentaram preparar um golpe, nós não”, disse o presidente, em referência aos atos golpistas de 8 de janeiro, perpetrados por bolsonaristas inspirados pelo ex-presidente da extrema direita.

Segundo Lula, a prioridade do seu governo é fortalecer a democracia, com a ampliação da participação popular na política, na educação, na cultura e em outros segmentos. “Então, para quê arma?”, questionou o presidente. “Eu sou totalmente contra. Eu quero que você saiba que o Brasil vai melhorar no dia que a gente entrar na era do livro, na era da cultura, que é o que nós estamos fazendo, agora, com a Lei Paulo Gustavo e com a Lei Aldir Blanc”, pontuou, em referência a duas normas de incentivo à cultura.

Lula comemorou o fato de 98% dos municípios terem se inscrito para receber recursos da Lei Paulo Gustavo. “Coisa que não tinham. Tinham acabado com o Ministério da Cultura, porque eles queriam criar o ministério das armas, o ministério da violência, o ministério da fake news, o ministério da mentira, isso que eles queriam criar. E nós, não. Nós queremos fazer com que o povo brasileiro volte efetivamente a ser feliz”, enfatizou o presidente.

Durante a live, Lula também fez um balanço dos resultados das diversas políticas adotadas pelo governo para fortalecer a economia e melhorar as condições de vida da população, a exemplo do aumento da produção de alimentos. “As pessoas estão percebendo que o Brasil está mudando, as pessoas estão percebendo que as coisas estão ficando mais acessíveis a elas, as pessoas estão podendo comer carne outra vez. Elas já podem sair com uma sacola cheia do supermercado”, afirmou o presidente, que citou também a queda nos preços dos combustíveis.

Lula reafirmou que o Brasil precisa de motivação, de uma boa relação entre quem governa e quem é governado. “Aliás, é quem cuida e quem é cuidado, na verdade. Então, eu estou muito otimista, e eu passo esse otimismo para os trabalhadores”, frisou.

Ao falar sobre as perspectivas para a economia, o presidente voltou a assegurar que o Brasil vai dar certo. “A economia vai voltar a crescer, o salário vai voltar a crescer. Nós vamos voltar a gerar emprego, o povo vai voltar a comer melhor. E as políticas públicas que nós colocamos em discussão, e já estão, hoje, praticamente todas funcionando, não ainda cem por cento, porque elas levam um tempo para funcionar, mas as políticas públicas vão funcionar, o dinheiro vai chegar na base. Quando o dinheiro chegar, o dinheiro começa a rodar, e você vai ver que a economia vai começar a crescer”, sublinhou.

Da Redação