![]() ![]() ![]() Tímido e recatado como bom mineiro, conta-se nos dedos as vezes que encarou uma câmera. Sua vida está em seus versos. E o hábito de sofrer, que tanto me diverte / é doce herança itabirana. Filho do fazendeiro Carlos de Paula Andrade e D. Julieta Augusta Drummond de Andrade, nascido em Itabira do Mato Dentro, Minas Gerais, a 31 de outubro de 1902, nunca foi dado aos cuidados da terra e desde muito cedo deu preferência às letras. Foi aluno interno do Colégio Arnaldo, da Congregação do Verbo Divino, em Belo Horizonte. Interrompeu os estudos no segundo período escolar em 1916 por problemas de saúde. No ano seguinte teve aulas particulares e em 1918 foi aluno interno do Colégio Anchieta, da Companhia de Jesus, em Nova Friburgo. Em 1920 foi expulso por “insubordinação mental” e do colégio guardou o modo de andar com os braços colados às pernas e a cabeça baixa. Cursou Farmácia em Belo Horizonte para onde a família se mudara em 1920. Em 1924 envia carta a Manuel Bandeira manifestando sua admiração pelo poeta. É também neste ano que conhece Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Tarsila do Amaral. ![]() Em 1925, Mariquinhas casou com um poeta fluminense e Drummond casou com Dolores Dutra de Morais. O poeta voltou para Itabira sem interesse pela profissão de farmacêutico e sem conseguir se adaptar à vida de fazendeiro. Dois anos depois, nasce seu filho Carlos Flávio, que só viveu por alguns instantes. Em 1928 publica na Revista Antropofagia, de São Paulo, o poema No meio do caminho, que se torna um verdadeiro escândalo literário. No mesmo ano nasce sua filha Maria Julieta. Filha única e sua grande paixão, Maria Julieta seria sua eterna musa, um verso meu, iluminando o meu nada, diria no poema A mesa. A cumplicidade entre os dois existia no mais singelo olhar e também na vocação. Escritora, Julieta jamais conseguiria destaque, sufocada pelo sobrenome famoso que carregava. Alguma Poesia, seu primeiro livro, foi editado em 1930. Foram apenas 500 exemplares. Em 1931, morre seu pai, aos 70 anos. Três anos depois transferiu-se para o Rio de Janeiro e não mais voltou a sua cidade natal: Itabira é apenas uma fotografia na parede. / Mas como dói! ![]() O modernismo no estilo de Drummond levou-o, com sua linguagem em diferentes ritmos, à popularização em um país onde se lê pouco. No meio do caminho tinha uma pedra/ tinha uma pedra no meio do caminho ou E agora, José?/ A festa acabou/ a luz apagou/ o povo sumiu são versos que entraram para a História como ditos populares. Mantêm-se presente no linguajar popular de forma excepcionalmente bela: Mundo mundo vasto mundo/ se eu me chamasse Raimundo/ seria uma rima, não seria uma solução. A morte, assim como o humor, foi uma constante em sua obra: Misturou o amor e a doença que levou sua filha com seu típico humor em Versos Negros (mas nem tanto): O amor, então, é a grande solução?/ Amor, fonte de vida... Essa é que não./ Amor, meu Deus, amor é o próprio câncer. Em 1982 completa 80 anos. São realizadas exposições comemorativas na Biblioteca Nacional e na Casa de Rui Barbosa. Recebe o título de doutorhonoris causa pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. No ano seguinte declinaria do troféu Juca Pato. Em 1984 assina contrato com a Editora Record, após 41 anos na José Olympio. A escola de samba Estação Primeira de Mangueira o homenageia em 1987 com o samba-enredo O reino das palavras e é campeã do carnaval carioca naquele ano. No dia 5 de agosto morre a mulher que mais amou, sua amiga, confidente e filha Maria Julieta. Desolado, Drummond pede a sua cardiologista que lhe receite um “infarto fulminante”. Apenas doze dias depois, em 17 de agosto de 1987, Drummond morre numa clínica em Botafogo, no Rio de Janeiro, de mãos dadas com Lygia Fernandes, sua namorada com quem manteve um romance paralelo ao casamento e que durou 35 anos (Drummond era 25 anos mais velho e a conheceu quando ele tinha 49 anos). Era uma amor secreto, mas nem tanto. Lygia contaria ao jornalista Geneton Moares Neto (a quem Drummond concedeu sua última entrevista) que “a paixão foi fulminante”. O poeta mineiro deixou livros inéditos que foram publicados postumamente pela Editora Record: O avesso das coisas (1987), Moça deitada na grama(1987), O amor natural (1982) e Farewell (1996). ![]() ![]() Drummond publicou centenas de poemas em mais de 30 livros (sem contar as antologias poéticas, edições de poesia reunida, livros infantis e de prosa). Aqui estão 100 destas composições. Ainda que você não seja um aficcionado pela obra de Drummond, por poesia ou mesmo que não goste de ler muito, irá reconhecer vários versos do poeta que passaram a fazer parte dos ditos populares e das citações em rodas de amigos. ![]()
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segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Hoje é o Dia D - Drummond
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