
Brasília tem a ver com um projeto novo de país, com a projeção de um novo conceito de criação coletiva, com novas formas de habitabilidade e socialização. Ou seja, “o urbanismo da nova capital permite uma consciência poética inteiramente distinta, uma consciência que também abre espaço à poesia artificial da pureza estrutural e à concreta materialidade da palavra.”(p.30). Nesse sentido, Brasília se converte em exemplo vivo de uma nova forma de criar e conceber o Brasil, que vinha sendo gestada em nossa miscigenação e em nossa urgência de criar uma nova civilização.
Necessitamos ouvir tais palavras neste momento de reflexão em que buscamos e pretendemos reencontrar, ou melhor, reorientar nossos caminhos e nosso projeto de sociedade e de Brasília.
Cabe ainda ressaltar, a teoria da integração das artes. Brasília é a primeira expressão urbana deste conceito proposto nos primórdios do Bauhaus, como agenda criadora de um novo design de cidade e de vida. O modernismo na arquitetura, que tem raízes meridionais e expressões como Le Corbusier, está na origem de nossa concepção estética de arquitetura moderna associada com os gênios de Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Burle Marx e Athos Bulcão, entre outros. Integrar arquitetura, paisagismo, urbanismo com a escultura, a pintura, a cenografia, a música e a poesia numa criação coletiva e transformadora. Acreditando que só existe criação no coletivo, que o individualismo é apenas um recorte de uma criação coletiva... Ainda que se reconheça que os grandes criadores rompem paradigmas e apontam para novos caminhos.
A II BIP está orientada para lançar um olhar poético sobre Brasília e pretende destacar sob a perspectiva estética , o que a cidade tem de original e de própria. Nesse sentido, sua proposta conceitual se fundamenta na ideia de que Brasília se construiu na utopia de uma integração das artes, “mediante a construtividade técnica, a concepção artística e a produção industrial”, ingrediente de um “novo conceito de civilização”, como ressalta Max Bense.
Daí, as atividades previstas pelo projeto curatorial serem orientadas no sentido da integração da Poesia com as Artes Cênicas, com a Cultura Popular, com a Música, com o Audiovisual, bem como com os espaços arquitetônicos.
A proposta curatorial incorpora assim, a Arte em sua função social, prioriza sua dimensão como produtora de sentidos, e assume o espectador como um ser apto a ressignificar experiências.
Nesse afã, a II Bienal Internacional de Poesia de Brasília pretende cunhar mais um título para a cidade, a de Capital Brasileira da Poesia.
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