Entre bibliotecas e clubes de tiro:
o que o brasileiro quer da vida?
A queda dos anjos rebeldes, de Pieter Bruegel, o Velho Imagem: Pieter Bruegel, o Velho g
Não há nada de agridoce em outro ponto, apenas um azedo rançoso mesmo. Entre 2015 e 2020 perdemos 764 bibliotecas públicas segundo informações da Secretaria Especial da Cultura. Eram 6.057, passaram para 5.293. Tony Marlon, colega de coluna aqui no Uol, lembrou que num passado próximo o cenário foi o oposto: o país ganhou 1.705 novas bibliotecas entre 2004 e 2011. Talvez a mudança de governo possa mesmo fazer com que voltem a surgir mais bibliotecas do que clubes de tiro pelo Brasil.
O que temos de fato, por enquanto, é biblioteca fechando e templos para armas sendo inaugurados. No ano passado, abriram-se 457 lugares para o povo das balas distribuir seus pipocos; neste ano, entre janeiro e março, apareceram mais 268 estabelecimentos do tipo, isso para ficarmos só nos regularizados. Revólver e fuzil no lugar de livros: é o que queremos? Essa pergunta foi feita milhares de vezes nos últimos anos, mas ainda causa perplexidade a resposta dada por parte significativa da população e pelo grosso das autoridades.Por outro lado, uma parcela da sociedade se organiza. Há algumas semanas que a Carta Aberta em Defesa do Livro, da Leitura, da Literatura e das Bibliotecas está colhendo assinaturas. É um documento que reúne dez propostas endereçadas a candidatos que concorrerão às eleições deste ano em diferentes frentes. A ideia é ajudar a construir um caminho para reverter os tristes dados do setor, alvo de inegável descaso governamental nos últimos tempos. Eis o caminho para conhecer as sugestões e também assinar a Carta.
E que em breve os clubes de tiro deem lugar a novas bibliotecas.

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