sábado, 26 de novembro de 2022

7 lições de liderança que o camisa 9 Richarlison pode ensinar

 

Por Letícia Sé

Richarlison deu uma entrevista logo após a partida Brasil x Sérvia em que expressou inteligência emocional e um comportamento de líder
Richarlison deu uma entrevista logo após a partida Brasil x Sérvia em que expressou inteligência emocional e um comportamento de líder Lucas Figueiredo/CBF

Após jogo do Brasil contra a Sérvia, realizado na quinta-feira (24/11) na Copa do Mundo do Catar, um nome virou protagonista das conversas dos brasileiros: Richarlison de Andrade, o camisa 9 da seleção brasileira. Nas redes sociais, o atleta ganhou milhões de novos seguidores nas horas seguintes à vitória brasileira, e muitos posts de usuários demonstram simpatia pelo bom humor do atacante que fez dois gols na primeira partida do Brasil na Copa.

Richarlison deu uma entrevista logo após a partida em que expressou diversos pontos que demonstram inteligência emocional e um comportamento de líder. Segundo Liliane Furtado, professora de comportamento organizacional, liderança e gestão de pessoas do Coppead/UFRJ, é possível aplicar a fala do jogador à vida corporativa e empreendedora.

Confira 7 lições de liderança e comportamento de sucesso que podem ser aprendidas com Richarlison, segundo a especialista:

1. Tenha um objetivo pessoal

O primeiro ponto destacado pela professora é que Richarlison disse na entrevista pós-jogo que estar na Copa do Mundo era um objetivo de sua infância. "Fica claro o que chamamos de 'motivação intrínseca', um sonho que não está ligado totalmente aos objetivos materiais, como o dinheiro, mas sim à uma realização interna", afirma Furtado.

Segundo ela, é esse tipo de sonho que leva as pessoas a terem mais garra para conquistar os objetivos e superar dificuldades. "No ponto de vista corporativo, profissional, a motivação intrínseca é o que as empresas buscam e também é o que nós enquanto profissionais devemos buscar no ambiente de trabalho, satisfazendo necessidades internas com o trabalho, não apenas buscando benefícios tangíveis", explica.

Alimentar os objetivos pessoais é um motor importante para quem deseja ser um bom líder ou conquistar o sucesso em seus projetos.

Após a vitória, Richarlison citou a dificuldade que enfrentou algumas semanas antes do começo da Copa, com uma lesão na panturrilha esquerda. Na entrevista, ele disse que fez três sessões de fisioterapia por dia para conseguir participar da Copa e que, apesar da tristeza e do medo, conseguiu se recuperar e participar do mundial. "A capacidade de ressurgir das cinzas no momento adverso é a resiliência. Antes, ela era entendida como algo individual, inata, mas hoje entendemos como uma habilidade, que pode ser desenvolvida", diz a especialista.

"Quando Richarlison mostra que esse momento adverso não o abalou, ele demonstra a capacidade de não se paralisar frente aos problemas. A resiliência está muito relacionada aos recursos que temos: físicos, psicológicos, de tempo. Podemos organizar os nossos recursos para ativá-los nos momentos adversos", afirma Furtado.

Decidir seguir em frente com o tratamento, sem se abater pelos problemas, demonstra uma ativação da resiliência do jogador – e, de acordo com a professora, é possível que todos façam o mesmo nas horas difíceis.

"Ele colocou muita dedicação, tempo, e toda a dinâmica de vida na recuperação, abrindo mão de muitas coisas para focar na melhora da lesão. Outras pessoas poderiam não acreditar que seria possível e desistir no caminho. É preciso focar nos recursos possíveis para resolver o problema ou até criar novos", indica Furtado.

3. Inspire-se em figuras importantes

Em outras entrevistas ao longo da carreira, Richarlison afirmou que seus pais foram fonte de inspiração em meio a um ambiente de marginalização social. Segundo o jogador, a família sempre o incentivou a buscar seus objetivos no esporte, mesmo com as dificuldades.

"Quando os pais são inspiração e alimentam os sonhos dos filhos, isso está ligado à ideia de liderança", expressa a especialista. "Gerar liderança é inspirar um indivíduo a buscar um objetivo maior, influenciar alguém a alcançar uma meta que inicialmente talvez nem seria dela, mas fazendo a pessoa assumir como dela. Isso acontece em corporações e também entre pais e filhos, quando a família consegue moldar a criança para objetivos maiores".

Assim, inspirar-se em figuras importantes na vida pessoal e profissional pode ajudar a pessoa a fortalecer sua noção de liderança.

4. Treine

Após o jogo, Richarlison afirmou que o gol de voleio que conseguiu fazer foi resultado dos treinos que vinha fazendo. Segundo Furtado, essa fala demonstra a importância do treinamento também no ambiente corporativo.

"Para líderes e empreendedores, a lição é sobre a importância do treinamento. Quanto mais você oferece treinamento aos funcionários ou a você mesmo, mais suas habilidades são refinadas e isso melhora a execução das atividades. Richarlison demonstra que treinamento tem sim resultado – apesar de várias organizações não darem importância para treinamentos, achando que tudo funciona somente pela execução do dia a dia", alerta ela.

5. Controle as emoções

Outra lição ligada ao gol treinado previamente é sobre a capacidade de realizar sob pressão. "Fazer algo em um contexto controlado e depois conseguir executar a mesma ação em um contexto de pressão demanda um bom controle emocional. As pessoas que conseguem performar em situação de pressão aquilo que treinaram são pessoas diferenciadas. Isso tem a ver com o controle, inteligência emocional e coragem", diz Furtado.

Para a especialista, é importante saber agir de forma que as emoções não influenciam a parte mais cognitiva do trabalho.

6. Assuma a responsabilidade

O jogador contou à imprensa que, no intervalo da partida, "precisava de apenas uma bola" para fazer seu gol. Ele teria dito isso aos colegas, pedindo uma chance para ajudar no resultado do jogo. Isso, segundo Furtado, demonstra que o atleta soube assumir uma responsabilidade, usando sua autoconfiança para gerar os resultados positivos.

"Essa fala demonstra capacidade individual de se empoderar, assumir responsabilidade, assumir um papel central num momento difícil. Ele não é o capitão e nem o mais experiente do time, mas assumiu uma liderança informal, chamou a responsabilidade para si. Essa capacidade de informalmente influenciar os pares e se sobressair como liderança é um aprendizado interessante para outros ambientes também", diz a professora.

7. Aja de acordo com seus valores

O carisma do jogador também está ligado às causas sociais que defende, como a luta antirracista, a preservação ambiental e o fomento à ciência. Ao mesmo tempo, Richarlison apoia organizações ligadas a essas causas financeiramente e através de seu espaço midiático. Liliane Furtado explica que essa coerência entre ações e valores defendidos é um aprendizado essencial para o sucesso de líderes e empresas.

"Tem se discutido sobre a 'hipocrisia organizacional' – empresas que defendem valores, mas não têm ações concretas por eles. Isso gera a percepção de colaboradores e de clientes dessa hipocrisia, afastando-os da empresa. Richarlison dá uma lição ao demonstrar que ele tem valores e práticas em concordância. Essa congruência entre valores e ações, entre o futebol e vida privada, gera resultados positivos e pode inspirar líderes e organizações", conclui.

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