segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Agentes de leitura falam sobre a Mala do Livro

Arquivo Pessoal

 

A gerente da Mala do Livro, Maria José Lira Vieira, que trabalha com a iniciativa desde seu surgimento, homenageia a “Dasdores” citada por Aurélio, também premiada no edital da Secec: “Ela sempre buscou se aperfeiçoar, para oferecer melhorias para os leitores, fez até curso de dinamização, iniciação teatral e arte de contar histórias. Muito guerreira, carrega uma filha deficiente nas costas e trabalha com muito prazer”.

 

Aurélio entende que o prêmio representa o reconhecimento pelo trabalho voluntário e constitui numa motivação para que as pessoas continuem a realizar essas ações. “Apesar do formato de prêmio individual, os recursos acabam beneficiando a comunidade como um todo”, acredita.

 

TRANSFORMAÇÃO

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Marluce Franklin, de Sobradinho, afirma que “a premiação representou um reconhecimento pelo trabalho árduo de tantos anos, em favor do livro e leitura”, ações que considera “transformadoras”. Ela viu a metamorfose na própria vida. Agente desde 1994, está concluindo graduação em biblioteconomia.

 

“Nas bibliotecas domiciliares, a maioria em nossas residências, pudemos ver jovens, crianças, adolescentes e adultos mudando suas vidas, transformando realidades, alcançando crescimento pessoal por meio do conhecimento”, testemunha com entusiasmo.

 

Marluce, que está à frente da Associação dos Agentes de Leitura e contadores de estórias (Aaconte), com 98 agentes associados para buscar capacitação dos envolvidos, atua na Fercal Sobradinho ll e em regiões mais distantes, “como nos assentamentos, onde não existem bibliotecas nem qualquer estrutura pública da cultura”.

 

Ela diz que os agentes representados na Aaconte vinham reivindicando editais para qualificar o trabalho deles desde 2014. “A capacitação melhora nosso trabalho junto à comunidade. O secretário Bartolomeu Rodrigues é um divisor de águas em nossa história por nos atender, nos acolher, nos dar voz”, afirma.

 

A agente conta que decidiu participar da Mala do Livro por gostar de ler e também por querer fazer algo para se contrapor à violência na própria comunidade. Suas ações na divulgação do livro geraram interesse na comunidade, e a casa dela ficou pequena pra receber os leitores, pois a biblioteca domiciliar também passou a emprestar livros para os alunos do ensino médio que participam do Programa de Avaliação Seriada (PAS) e precisam ler as obras indicadas para o acesso à Universidade de Brasília (UnB). Isso a levou a mobilizar a comunidade para a construção de uma biblioteca na região administrativa.

 

PÚBLICO JOVEM

Edson Cavalcante de Araújo, agente há 14 anos e também premiado, aposta no livro como fator de desenvolvimento: “acredito que, através da leitura e dos livros, pode haver transformação social e, consequentemente, uma sociedade mais justa”. “A premiação é uma forma de reconhecimento por parte da Secretaria de Cultura e tem um significado muito importante não só pra mim, mas para todos os agentes de leitura do programa”, opina.

 

Na casa dele, antes da pandemia, ele atendia a média de 20 a 30 crianças por mês. Com o avanço da vacinação, seu público começa a voltar. Cita o caso de Lara Neres,10 anos, que mal saiu do posto de saúde e deu o ar da graça. “Ela gosta de contos de fada, ação e lê até quatro livros por mês”, relata Edson.

 

DIGNIDADE

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A advogada Alana Barros Siqueira Duarte considera a premiação “o reconhecimento para uma classe que até então não era lembrada, apesar de sua grande importância para uma sociedade”. Agente desde 2012, ela conheceu o programa por meio de uma amiga, o que mostra a força do boca a boca na propagação da Mala, uma caixa de madeira que se converte em estantes para cerca de 200 livros.

 

“Eu decidi participar desse lindo trabalho, pois sempre achei essencial a continuidade do conhecimento através da leitura, e como agente de leitura podemos transformar vidas, trazer novas esperanças e crescimento intelectual e de caráter para uma sociedade que tem caminhado para o esquecimento dos livros”, justifica.

 

A biblioteca domiciliar funciona na casa da advogada, mas ela geralmente trabalha em conjunto com o marido no atendimento a moradores de rua três vezes na semana com alimentação, vestuário, com o banheiro sobre rodas e livros “para que eles venham a se sentir dignos”, enfatiza.

 

DIÁLOGOS

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O músico Douglas Gomes Bezerra, morador do Guará, é agente da mala há cinco anos. Também premiado, diz que decidiu participar porque já tinha uma pequena biblioteca em sua escola de musicalização, onde ensina guitarra, violão e outros instrumentos.  Em busca de livros, Douglas conta que ele recebe entre 10 a 20 pessoas por dia.

 

Ele não tem dúvida sobre a convergência entra a música e as letras e se arrisca a sugerir que a Mala do Livro busque ampliar os diálogos no campo das humanidades. “Devemos continuar fazendo uma ótima gestão desse legado, na luta para o livro chegar na mão de todos”, advoga.

 

AGENTES DE LEITURA

A Biblioteca Nacional de Brasília (BNB), que gerencia a Mala do Livro, neste momento estuda a encomenda de mais caixas para atender a uma demanda reprimida. Segundo Maria José, há quase uma centena de candidatos a acolher bibliotecas domiciliares.

 

“Temos esse cadastro de reserva com inscritos preparados para receber a Mala. Um agente, uma agente, recebe capacitação e precisa ter a predisposição de receber a minibiblioteca. Avaliamos o perfil da pessoa, o espaço de que dispõe, seu interesse por livros e a capacidade de prestar o devido atendimento ao público”, explica a gerente.

 

Para tornarem-se agentes, os interessados devem se inscrever na gerência do Programa em maladolivro@gmail.com

 

 Texto: Ascom Secec / Edição: Sâmea Andrade (Ascom Secec)

31/1/2022

11:05:34

Assessoria de Comunicação da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Ascom/Secec)

E-mail: comunicacao@cultura.df.gov.br

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