terça-feira, 19 de outubro de 2021

 

FOTOS DA MISSÃO CRULS 1892


Comissão Exploradora do Planalto Central

 

 


Travessia sobre o rio Paranaíba,
na divisa de Goiás com Minas Gerais

 


Vila Boa de Goyaz, antiga capital do estado

 

 


Cachoeira sobre o rio Caçu/GO

 


Arraial de Meira Ponte, atual Pirenópolis

 

 


Ponte sobre o rio Areias, em Santo Antônio do Descoberto/GO

 

 


 


Ponte sobre o rio Descoberto

 

 


Acampamento nas cabeceiras do Rio Pindaíba

 

 


Lagoa Feia - Couros (Formosa/GO)

 

 


Acampamento no Vértice SE, dentro do Quadrilátero do DF

 

 


Entrada de Couros (atual Formosa/GO)

A Formosa, a Missão Cruls teria chegado em 14 de setembro de 1892.

No rastro dos bandeirantes, comerciantes e bandoleiros, a região do Planalto Central do Brasil foi vasculhada por inúmeros cientistas importantes.

O tcheco Johann Emanuel Pohl, o francês Augusto de Saint-Hillaire e o alemão Carl Friedrich Philipp  Von Martius  são alguns dos viajantes que, pelos estudos que aqui fizeram, tantos legados deixaram à humanidade.

Com propósitos diferentes, também andou pela região o engenheiro e diplomata brasileiro Francisco Adolfo Varnaghen, mais conhecido como visconde de Porto Seguro.

Sua viagem de seis meses serviu para sugerir um triângulo entre três lagoas existentes no município de Formosa, Goiás, como possível localização de uma nova capital.

Quando Luiz Cruls e sua equipe chegaram ao altiplano central brasileiro, portanto, os descampados ali existentes já estavam repletos de trilhas, caminhos e comunidades instaladas (…).

O grupo que havia passado por Santa Luzia (Luziania) também andou por Mestre D`Armas, mas logo seguiu viagem para Couros (Formosa), que era o objetivo daquele trecho da missão. A distância [de Santa Luzia] ao novo ponto da viagem foi de 13 treze dias (…) Ali seria o local de consolidação dos limites que Cruls pretendia alcançar.

Em seus escritos, quatro décadas antes, ao traçar os limites de uma nova capital para o Brasil, o visconde de Porto Seguro havia sugerido que essa vila [de Couros] fosse a escolhida para a função.

Na localização por ele sugerida, entre as três lagoas existentes naquela parte do Planalto Central, Formosa seria o ponto mais favorável. No entanto, Luiz Cruls não concordava com aquela localização geográfica.

O que Cruls encontrou em Couros/Formosa:

[À época] a maioria das casas ali existentes eram de taipa, todas cobertas com folhas de buriti, portais e janelas de madeira rústica, ruas de terra batida. Enfim, tinha uma aparência de vila pobre, que parecia não condizer com sua história de importante entreposto comercial. Nas fazendas, porém, a feição era diferente.


Os cultos católicos (os únicos “oficiais”) eram realizados na capela Nossa Senhora do Rosário, construída pela comunidade negra, adepta e praticante de cultos de origem africana.

Somente em 1838 foi construída a igreja matriz no Arraial dos Couros. Erigido de maneira também rústica, esse tempo era ainda existente quando da passagem de Cruls.  Funcionou até 1904, quando foi fechando porque ameaçava desabar. Em 1915 foi demolido, dando lugar a uma igreja mais moderna do ponto de vista da construção civil.

(…) Cruls e alguns membros da missão estiveram no vale do Paranã, inclusive no salto do Itiquira (…) Uma das tarefas do grupo era avaliar a qualidade da água dos mananciais de toda a região, de modo que seus membros permaneceram ali por alguns dias.

(…) Mas também o processamento da produção agrícola foi desenvolvido [em Formosa] com destaque para o açúcar de cana e a farinha de mandioca, que são outras marcas tradicionais de Formosa.

Aliás, a farinha de mandioca tornou-se [para os habitantes de Couros] um alimento fundamental, substituindo o pão. Além das festas do Divino e a quermesse de nossa Senhora do Rosário, todos os anos se realizava a Semana da Moagem da Mandioca, com moinhos movidos por bois, uma festa popular que anima a cidade desde o século XIX.


Ou seja, aquele sítio já era movimentado por comerciantes que ali passavam, ou que iam negociar couros de animais caçados e bois, ou com boiadas em pé e produtos agrícolas. Consta que esses viajantes armavam  barracas com couros de animais, principalmente na área central do lugarejo, daí advindo seu primeiro nome.

Desde 1830, a cidade já contava com um coral, e na segunda metade do século passou a ter também uma banda, no formato das retretas muito comuns nas cidades brasileiras de então. Outras manifestações culturais nos campos da literatura e outras artes também foram registradas, de modo que, embora recatada, a vila tinha movimentação o ano inteiro.

Mais tarde, foram instalados dois postos fiscais próximos ao Arraial dos Couros – um junto à Lagoa Feia, outro perto da cachoeira do Itiquira, nas estradas a oeste e a norte.

Também foram fixadas algumas contendas próximas dali. Só para lembrar, os postos fiscais operavam a cobrança de impostos, enquanto as contendas faziam a contagem das pessoas e animais que passavam, para efeito de conferência.

Foi ali, em Formosa, que a comissão chefiada por Cruls se dividiu nos quatro grupos demarcadores. Após completada a tarefa, todos se encontrariam na capital da província, a cidade de Vila Boa, o que era uma espécie de ação diplomática, de apresentação do grupo às autoridades de Goiás.

  


ANOTE AÍ:

Este relato é um excerto do livro “Cruls – Histórias e andanças do cientista que inspirou JK a fazer Brasília.” Editora Geração, 2014.


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